terça-feira, 19/novembro/2024
HomeAdestramentoFilho de Hortência, João Victor quer melhor resultado de todos os tempos...

Filho de Hortência, João Victor quer melhor resultado de todos os tempos no adestramento

Na segunda participação em uma Olimpíada, nas disputas do hipismo no Japão, o cavaleiro paulistano João Victor Marcari Oliva, de 25 anos, filho da rainha Hortência [campeã mundial de basquete e medalha de prata olímpica] e do empresário José Victor Oliva, diz buscar “o melhor resultado de todos os tempos” na categoria adestramento.

Ele formará em Tóquio o conjunto com a montaria do garanhão puro sangue lusitano Escorial. Trata-se de um cavalo de 12 anos adquirido ano passado pelo grupo de investimentos JRME – Horse Campline (empresa focada em esportes equestres de alto rendimento). Thiago Mantovani, da Horse Campline, em Portugal, é dono de Escorial e também dá suporte a outro atleta de projeto olímpico: o português Rodrigo Torres, que monta Fogoso.

Nos Jogos de 2016, realizados no Rio de Janeiro, Oliva montou Xamã dos Pinhais, parceiro equino lusitano com quem obteve a 46ª posição e média 68,071%. O objetivo de João, que integra os programas do governo como terceiro sargento do Exército, e também da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), é a superação da 33ª posição individual nos Jogos de Munique, em 1972.

A marca foi conquistada pelo coronel PM Sylvio Marcondes de Rezende montando o cavalo Othelo [primeiro competidor a defender o país no adestramento]. Além deste objetivo, a entidade nacional já mira resultados promissores levando o desempenho aos Jogos Equestres Mundiais, em 2022, na Dinamarca.

No entanto, até concluir o processo de ter o nome anunciado, João Victor e Escorial vieram de um detalhado processo de classificação da FEI (Federação Equestre Internacional). Ele conseguiu o melhor desempenho e média de 70,565%. Seu reserva, o paulista Pedro Tavares de Almeida, com suas montarias Famous de Vouga e Xaparo de Vouga chegaram com 68,598% e 66,108%, respectivamente.

O caminho para escolha do selecionado partiu, inicialmente, da qualificação com medalhas por equipes nos jogos Pan-Americanos de 2019 de Lima (Peru). Feito que habilitaria o Brasil a participar do torneio de seleções no adestramento.

Para ir à frente, três conjuntos brasileiros teriam de atingir médias superiores a 66%, exigências de qualificação olímpica – MER (minimum eligibility requirements – sigla em inglês), em torneios de Grand Prix (Grande Prêmio). Além disso, necessitaria de apresentação particular a um juiz FEI5, licença maior da federação internacional.

Doze conjuntos brasileiros tentaram o índice sem êxito. Por este motivo, o Brasil só poderia então levar um representante para Tóquio. Posteriormente, três conjuntos se qualificaram conforme os critérios, mas coube a Oliva o sucesso pela melhor média. Vivendo na Europa, o atleta se preparou cumprindo quarentena obrigatória em Achen, na Alemanha. Depois, desembarca em Tóquio à espera das provas entre os dias 24 e 25 de julho no Equestrian Park. Nesta edição dos Jogos, em relação ao Rio de Janeiro, o número de nações sobe de 25 a 30 países.

Início

Com apenas três anos, João Victor já montava a cavalos no sítio da família, em Araçoiaba da Serra (cidade a 130 km da capital paulista). Valorizado pela criação destes animais, o local se tornou haras e na sequência negócio paterno. Já o herdeiro, nove anos mais tarde, foi inspirado por um funcionário da fazenda, Rogério Silva Clementino, primeiro afrodescendente a defender uma equipe de hipismo, e seguiu na modalidade. O destaque precoce o levou a uma medalha de bronze com a equipe de adestramento em 2015, nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (Canadá) e outra, viria mais tarde, em Lima (Peru), em 2019. Além destas, várias conquistas fazem parte de sua trajetória.

O lado esportista e a forte disciplina para competir veio no sangue ou DNA da mãe, a ex-jogadora de basquete e armadora da seleção brasileira. Atleta sensacional, que entre feitos e sucesso, integra o Hall da Fama da modalidade nos Estados Unidos.

Após saber da convocação do filho, Hortência aconselhou João a curtir bastante o momento. Meu sentimento é de orgulho por ver ele [João] no caminho certo e participar de sua segunda Olimpíada”, disse.

Já o amor pelos animais, Oliva foi influenciado pelo pai. José Victor sugeriu ao filho aproveitar a oportunidade de estar nos Jogos como algo para ‘poucos’. Além de competir, o atleta trabalha se dedicando aos cavalos e outras atividades na Horsecampline.

Onde vive em solo português, tem a agradável companhia de Tião, o cão da raça American Bully. Animal que o entusiasma diariamente, além de ser pet de estimação do mesmo dono de Escorial. Neste universo, o atleta pôde conhecer ainda Marta Fernandes, uma amazona portuguesa, que com certeza fisgou o coração do rapaz. Entre preparação, trabalho e mil atividades, Oliva atendeu o Yahoo Brasil.

Yahoo Brasil – Você vive fora do país há alguns anos. Como é?

João Victor Oliva – Trabalho na Horsecampline em Portugal, país que moro. Vivo do esporte sim, mas além de montar, negocio animais, cuido de criações, embriões, acompanho processo de inseminação.

Como é a experiência que você vai ter na segunda Olimpíada?

Vou mais preparado. Ganhei experiência nas competições, seja com resultados bons ou ruins. Por ser o único representante no adestramento, o trabalho individual em parceria com meu cavalo tem de ser ainda melhor. E tenho bastante orgulho de estar nos jogos pelo meu país.

Quem são os favoritos nos Jogos de Tóquio?

Os mais fortes e favoritos às medalhas, sejam nas disputas individuais ou por equipe no adestramento, indiscutivelmente são os alemães.

Você tem ídolos ou inspirações na vida?

Claro que o maior ídolo sem dúvida no esporte é minha mãe. Mas posso citar destaques no hipismo como Carl Hester (um dos mais famosos cavaleiros e adestradores britânicos, medalha de ouro por equipes em 2012 da Inglaterra no adestramento). Além dele, o brasileiro Rodrigo Pessoa (que disputará a sétima olimpíada na modalidade saltos)

Praticar o hipismo demanda ter muitos recursos financeiros?

Pode ser considerado esporte caro sim. Mas há gastos para se manter um animal, especialmente por envolver competição de alto rendimento. O cavalo precisa estar acompanhado de veterinário. A alimentação dele, suplementação. O local onde dorme, feno, locais para treinamento, piso. E ainda o material. Sem esquecer a preparação do atleta.

Fonte: Yahoo Esportes

ÚLTIMAS DA SEMANA

PUBLICIDADE

ÚLTIMA NOTÍCIAS DO CANAL