Em 19 de fevereiro de 2022, o hipismo brasileiro perdeu Orlando Figueira Facada, 91 anos, considerado mestre dos mestres na modalidade Adestramento e um homem do cavalo ímpar. Em 1983, Orlando, português nascido em Nazaré e naturalizado brasileiro, integrou o Time Brasil, medalha de bronze nnos Jogos Pan-americanos de Caracas na Venezuela, ao lado de Ileana dos Santos Diniz e José Schleder. Ocasião em que Orlando montando Premiado também conquistou o bronze individual, feito até hoje inédito em Jogos Pan-americanos.
O mestre dos mestres Orlando Facada, único medalhista individual em Jogos Pan-americanos na história do hipismo brasileiro e homem do cavalo ímpar
Orlando, cavaleiro desde a mais tenra infância e também toureiro em Portugual, veio pela primeira vez ao Brasil em 1953, ao lado de seu pai Germando. À época trouxeram ao Brasil, os dois primeiros exemplares da raça Lusitana: Galhito e Biju.
Viveu por alguns anos no Rio de Janeiro, onde passou conviver com grandes nomes do hipismo brasileiro como, entre outros, Nelson Pessoa, o Neco, então em início de carreira. Retornou a Portugal, mas não por muito tempo.
Em 1963, já casado com Rita Gonçalves Facada, veio ao Brasil em definitvo e primeiramente se estabeleceu em Ourinhos, no interior paulista. Posteriormente se mudou para São Paulo, onde especialmente nos anos 70, 80 e 90 formou gerações de cavaleiros e amazonas, fortes e duradouros laços de amizades, atuando como cavaleiro e treinador no Clube Hípico de Santo Amaro e Sociedade Hípica Paulista. Sua fama e laços se espalham por todo o Brasil e, sem dúvida, sua partida deixou uma legião de amigos e alunos “órfãos”.
Seus alunos no mundo hipico não se restringiram aos amantes do Adestramento, mas também praticantes de Salto como, entre muitos outros, o craque José Roberto Reynoso Fernandez, o Alfinete (in memorian). Emprestou sua experiência técnica a atletas e treinadores de hipismo, é claro, especialmente no Adestramento, sem distinção de nível e/ou categoria, desde a base até o mais alto rendimento.
Ao lado de sua querida esposa Dona Rita, inseparável companheira em todas horas falecida em 2021, procurou um pouco mais de tranquilidade a partir dos anos 2000, passando a morar na praia do Perequé, no Guarujá, onde montou o Núcleo Brasileiro de Arte Equestre, também conhecido como Centro de Treinamento Orlando Facada. Também chegou a ministrar aulas teóricas de equitação para crianças carentes de baixo rendimento escolar, visando o a melhora nos estudos e, é claro, o fomento à prática do esporte.
Facada, que aos três anos de idade já cavalgava sozinho na tradicional Feira de Golegã em Portugal, montou até os últimos dias de sua vida. Em 2010, anunciou que iria disputar uma vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, fato que acabou não se concretizando. Seus ensinamentos e amizades certamente permancerão vivos na memória de todos que tiveram o privilégio de conviver com Orlando Facada e serão levadas às novas gerações através dos cavaleiros e amazonas praticantes da modalidade.
“Orlando Facada foi medalhista pan-americano, um grande mestre e, acima de tudo, amigo dos cavalos. Sua presença inspiradora fez uma história que hoje vive nos corações e na sela dos seus muitos alunos, discípulos e amigos. Português de origem, fez do Brasil sua casa e nos ensinou que a técnica de nada vale sem a arte. Agora descansa com dona Rita, sua companheira de vida”, destacou Sérgio Fiori, cavaleiro, juiz nacional e diretor de Adestramento da nova gestão da CBH no ciclo olímpico até Paris 2024.
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