A hemorragia pulmonar em cavalos de esporte é muito comum. Na maioria das vezes o sangue não é visível e o cavaleiro acha que o cavalo não sangrou.
Antes de tudo, somente 5% dos casos de hemorragia são visíveis sem a ajuda de um endoscópio. Mas existem sinais que mostram que o sangramento pulmonar aconteceu.
Como a Hemorragia pulmonar acontece?
Durante um exercício excessivo ocorrem alguns eventos no organismo dos cavalos: aumento da pressão, aumento da frequência cardíaca, aumento do fluxo sanguíneo para os pulmões e elevação na frequência respiratória.
No pulmão do cavalo a pressão dos pequenos vasos ou capilares aumenta de 25 mmHg em repouso para 115 mmHg durante o exercício extremo. Enquanto que na maioria dos animais essa pressão chega apenas a 35 mmHg. O sangramento ocorre porque esses vasos se rompem e o sangue nas vias respiratórias causa uma reação inflamatória.
Algumas vezes a hemorragia pulmonar ocorre por stress e nervosismo durante os exercícios. Mesmo que o cavalo não esteja em velocidade ou grande esforço, o stress leva ao aumento da pressão sanguínea, os vasos se rompem e o sangramento acontece.
Quando ocorre a hemorragia pulmonar durante uma prova de Três Tambores, geralmente o cavalo tosse forte logo após a parada na reta final.
Uma tosse seca e profunda. E mesmo que a hemorragia seja grau cinco (grau máximo, quando aparece sangue nas narinas) o sangue pode aparecer somente no momento em que o cavalo baixar a cabeça.
Diagnóstico e sintomas
Durante o exame clínico é recomendada a endoscopia como exame auxiliar, geralmente realizada de 30 a 60 minutos após a competição. Através da endoscopia não só é possível observar a presença de sangue nas vias aérea superiores, como também a presença de outra causa para o sangramento.
Quando há suspeita de hemorragia pulmonar em que o diagnóstico com endoscopia é negativo, a citologia torna-se fundamental porque é possível detectar a presença de células características do processo hemorrágico.
Clinicamente observa-se sons anormais nas vias respiratórias, aumento da atividade de deglutição, queda no rendimento atlético, narinas expandidas com o animal em repouso, respiração curta e acelerada sem exercícios e tosse.
Os graus de hemorragia pulmonar:
0 – ausência de sangue visível
1 – traços de sangue na traquéia
2 – presença de filete de sangue na traquéia
3 – presença de sangue na traquéia em quantidade superior ao grau 2
4 – presença abundante com acúmulo de sangue na traquéia
5 – hemorragia nasal e/ou presença abundante de sangue acumulado na traqueia até a orofaringe
Existe tratamento?
Em 1999 o uso da furosemida foi liberado em um hipódromo brasileiro como medicação preventiva ou para reduzir o processo hemorrágico. Ela age aumentando o volume urinário, reduzindo o volume sanguíneo com redução da pressão artéria-pulmonar.
A furosemida é um potente diurético e tem ação em toda a região dos rins, de ação rápida e curta duração. Seu efeito tem início após quinze ou vinte minutos da aplicação. O efeito vasodilatador ocorre cinco minutos após aplicada por via intravenosa e dura entre quatro e seis horas.
Assim sendo, a furosemida é somente um paliativo, não um tratamento para a cura da hemorragia pulmonar. A aplicação consecutiva do medicamento pode causar desequilíbrio eletrolítico e choque do animal.
A repetição dos exames de endoscopia após atividade extenuante pode mostrar a gravidade e a frequência do sangramento. Se o sangramento for grave, deve-se repetir o exame endoscópico em 24 e 48 horas para certificar-se de que o sangramento cessou.
Para minimizar, portanto, os efeitos da hemorragia é realizada uma associação de medicamentos como antibióticos, corticosteróides e broncodilatadores.
Recomendações
É recomendado descanso após a hemorragia, mas isso não impede que ela volte a ocorrer. Não existem estudos que determinem por quanto tempo o cavalo deve repousar e nem que tipo de atividade deve ser aplicada para reduzir a incidência de hemorragia.
No entanto, alguns procedimentos e cuidados podem reduzir as chances da hemorragia ocorrer.
Observar se o cavalo tosse com frequência na baia, na hora de comer feno seco e nos dias mais secos podem ajudar a descobrir se ele tem alguma patologia respiratória como DPOC. Esta grande vilã dos cavalos no que diz respeito a hemorragia pulmonar.
Sempre que houver suspeita de problemas pulmonares ou da ocorrência de hemorragia pulmonar, é importante procurar por um médico veterinário.
O acompanhamento e diagnóstico são importantes para que o cavalo não sofra um mal maior causado pela repetição dos sangramentos, como infecções bacterianas e até mesmo o óbito.
Por Claudia Ono
Fonte: Cavalus