Amantes do hipismo e colegas da profissão,
Neste período sem precedentes que estamos vivendo, pude constatar com muita alegria e orgulho, a quantidade de pessoas envolvidas com o hipismo no Brasil que, estão tentando fazer algo enriquecedor e produtivo pelo nosso esporte.
Tal constatação, abrange pessoas envolvidas com a equitação em vários setores, desde a nossa confederação à comissão técnica internacional (chefe de equipe e técnico) que, estão atentos em nos manter motivados através de reuniões virtuais com a presença de todos os cavaleiros internacionais, bem como através de telefonemas semanais com a finalidade de saber como estamos e se precisamos de algo.
Tudo isso é muito confortante e faz com que possamos debater e refletir a respeito do que fazer em tão rara e inimaginável ocasião.
Contudo, o que mais me impressionou – positivamente – foi a atitude de jovens amantes do hipismo que fazem acontecer e agregam valores dentro de suas possibilidades. Me refiro, principalmente, aos pioneiros que realizaram de forma muito criativa e dinâmica as “lives” que contaram com a participação de diversas personalidades do esporte.
E, adicionalmente, à possibilidade de poder conhecer o trabalho de muitos envolvidos no hipismo brasileiro.
Alguns desses envolvidos no hipismo brasileiro, mencionados no parágrafo acima, vivem em regiões estrutura e geograficamente desfavoráveis no que tange à interação com os grandes polos, certamente, mais desenvolvidos. Porém, ainda assim, são incansáveis lutadores, podendo ser classificados como – quase que – bandeirantes que, catequizam a arte da equitação Brasil a fora!
Por um outro lado, muito me espanta a atitude de certos entrevistados, participantes e telespectadores, apesar de se tratar de um país democrático de livre expressão/opinião. O que, a meu ver, é motivo de preocupação e repúdio…..
O Brasil é um país que se encontra em intenso processo de moralidade, onde grandes empresas e governos que pareciam intocáveis estão sendo desmascarados por fraude e corrupção e ainda assim, a demonstração de que o egoísmo e o benefício próprio são mais importantes do que o desenvolvimento da nossa pátria permanece recorrente.
Tal problema está enraizado na cultura do nosso país desde a época colonial e vem se potencializando ao longo do galopante desenvolvimento demográfico de um país repleto de riquezas naturais e um povo talentoso por excelência e isso nos permite fazer uma analogia ao meio hípico.
Por muitos anos, fizeram com o que nos sentíssemos comandados por famílias e clãs que, usufruindo de uma política (praticamente) feudal no âmbito de um regime pautado na filosofia do “pão e circo”, costumavam manipular os votos das federações para que pudessem exercer seus próprios interesses esportivos.
Dessa forma, coagiam cavaleiros, que não participavam do sistema, a muitas vezes tomarem atitudes drásticas, como por exemplo: mudar de nacionalidade para que pudessem realizar os seus sonhos e objetivos esportivos. Ou, ainda, a se acomadrarem e se atrofiarem esportivamente por se sentirem sem esperança.
Felizmente, parecemos viver em outros tempos. Tempos estes de otimismo, onde o “coronelismo” parece ter sido revogado. Tempos estes de união e grandes conquistas dentro e fora das pistas. Tempos com seletivas claras e imparciais, respeitando os regulamentos pré-estabelecidos, com a presença de uma comissão técnica em coesão com os cavaleiros que, comemora as vitórias e chora as derrotas sem fugir das responsabilidades.
Certamente, o caminho é longo e estamos muito longe da perfeição… Mas, acreditamos que o caminho em que galgamos seja o correto! Devemos permanecer atentos para que não regressemos à uma filosofia retrógrada e manipuladora. Nesse sentido, como dizia Belchior: “o novo sempre vem (…)”.
Estamos conquistando títulos e copas das nações e, agora, precisamos estreitar as relações entre cavaleiros, proprietários e comissão técnica que vivem no Brasil e no exterior. Afinal, somos todos brasileiros e, a bandeira que tremula e o hino que toca é um só!
Desculpem o desabafo e a minha preocupação em relatar esse assunto, mas, o fato é que minha primeira copa das nações é datada do ano de 1993 e pude viver na pele grandes dificuldades.
O nosso esporte, por si só já é dotado de extrema inconstância e complexidade em relação à maioria. A grande prova disso é que, mesmo os primeiros do ranking perdem mais do que ganham.
Nesse sentido, não posso me omitir ao escutar acusações levianas a respeito de nossa equipe.
Acusaram a convocação para o Pan de Lima como injusta, quando os cavaleiros convocados venceram, nas pistas, em condições de igualdade nas seletivas e os cinco cavaleiros que foram convocados, foram os melhores entre os candidatos na competição crucial que decidia a equipe. Taxaram, publicamente, um cavalo de acuado, de forma irresponsável e sem o menor conhecimento de causa (basta olhar os resultados na FEI, de todos os cavalos convocados, para que se possa constatar que não há histórico de refugo em nenhuma competição de alto nível).
O animal taxado de manco, foi preponderante na conquista da medalha e passou na inspeção veterinária da FEI. O que comprova que, realmente, tratavam-se de comentários desesperados, sem conteúdo e ilegítimos. Inaceitável!.
De fato, o que aconteceu em Lima, foi um acidente que já aconteceu – inclusive – com o campeão olímpico em provas de adaptação. E, que não cabe justificativa, pois, em nada atrapalhou a equipe.
A equipe cumpriu o seu papel, dando o melhor de si. A nossa consciência está tranquila, as medalhas de ouro vieram para o Brasil e a vaga olímpica está garantida para o nosso país.
Tais comentários, nada mais são do que comentários inconsequentes e incabíveis, vindo da boca de pessoas comprometidas há muitos anos com o esporte que, mas que, nesse caso, não têm o menor conhecimento de causa. Além de serem deselegantes, da parte de pessoas que deveriam se dar ao respeito.
Ainda, criticaram a nossa participação em Barcelona, quando os resultados dos conjuntos eram legítimos e sólidos nas competições que antecederam a competição.
Mas, isso tudo não acrescenta em nada!
Gostaria apenas de alertar aos dirigentes e atletas de um movimento que, parece estar sendo criado, o que pode ser nocivo – e muito – ao desenvolvimento do hipismo brasileiro.
Obrigado a todos pela leitura dessa mensagem,
Luiz Felipe de Azevedo Filho