O HIPISMO
ORIGEM
Os ingleses sempre gostaram de passeios, corridas a cavalo em campo aberto e a famosa caça à raposa. Na caça à raposa os cavaleiros eram acompanhados por cães, e perseguiam e capturavam a caça em campos abertos onde transpunham obstáculos naturais que surgiam em seu caminho.
Na segunda metade do século XIX eles resolveram criar um tipo de prova que reproduzisse as caçadas, mas que fossem realizadas em um recinto fechado e menor que os campos abertos da Inglaterra. Então foram criados obstáculos que reproduziam aqueles encontrados durante as caçadas. Aí se originaram as provas de salto que hoje são realizadas em pistas abertas ou pistas cobertas. Com o passar do tempo o esporte foi evoluindo, as regras se aperfeiçoando e criadas categorias para cavaleiros e amazonas conforme sua idade e grau de preparo técnico.
O HIPISMO NO BRASIL
A primeira competição hípica no Brasil foi o Torneio de Cavalaria realizado em abril de 1641 em Maurícea, onde hoje está Recife, Pernambuco. A iniciativa da disputa foi do príncipe holandês João Mauricio de Nassau, único governante geral de colônia não português. Nassau chegou ao Brasil em 1637 trazendo uma equipe que promoveu uma enorme reformulação urbana e cultura, e a competição hípica fazia parte deste conceito. Participaram da prova dois grupos de cavaleiros: de um lado, holandeses, franceses, alemães e ingleses e do outro, portugueses e brasileiros que acabaram vencendo a disputa.
Cavalgadas e torneios esportivos como corridas e simulações de combate entre outros se tornaram comum no eixo Rio – São Paulo nos séculos XVIII e XIX. Fazendeiros e aristocratas participavam principalmente de corridas rasas, “nas areias da praia de Botafogo, em hora que a maré permitia” em citação da Gazeta do Rio de Janeiro, de 25 de maio de 1814. Essas competições eram apreciadas pela nobreza e, frequentemente, de acordo com o Diário Fluminense, de 31 de julho de 1825, podia-se encontrar na platéia os jovens imperadores D. Pedro I e sua esposa D. Maria Leopoldina.
Somente em meados do século XIX as corridas rasas passaram a ser disputadas oficialmente, com a criação, em 6 de março de 1847, do Clube de Corridas, que teve como primeiro presidente Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Por reconhecer a importância do cavalo como arma de guerra, o governo – por iniciativa de Caxias – procurou melhorar a criação nacional, importando da Europa garanhões Puro Sangue Inglês (PSI). O fato estimulou ainda mais a realização de corridas e motivou a fundação do Jockey Club Fluminense, em 9 de junho de 1854.
Em São Paulo, outra personalidade incentivava as corridas no campo da Luz: a marquesa de Santos, que descobrira o ancestral prazer de montar a cavalo em 1830. O campo da Luz deu origem, em 1875, ao Clube de Corridas Paulistano, que mais tarde passou a se chamar Jockey Club da Mooca, o percussor do Jockey Club de São Paulo.
OFICIALIZAÇÃO DOS ESPORTES EQUESTRES
Em 1863 o capitão do exército, Luiz Jacomé de Abreu de Souza fundou a Escola de Equitação de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro. Era o início da oficialização dos esportes equestres clássicos no Brasil.
A primeira iniciativa para a formação de uma entidade máxima do hipismo no País aconteceu em 1935 quando houve um movimento para o registro da Federação Brasileira de Hipismo. Estatutos foram criados, diretoria eleita e contatos junto a Federação Equestre Internacional (FEI) para a filiação da nova entidade. A iniciativa da integração do hipismo nacional devia-se ao crescente número de centros equestres existentes no País e ao nível alcançado por seus praticantes, tornando necessária e indispensável a existência de um órgão central que interferisse e ordenasse a já crescente atividade equestre.
À época, a lei determinava a formação de federações estaduais para todos os esportes com três clubes, no mínimo. Essas federações por sua vez, deveriam se constituir em entidades estaduais, que se subordinariam a uma confederação nacional e estas, finalmente, a um órgão máximo denominado Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HIPISMO (CBH)
Alcançado este objetivo de criar-se as Federações Estaduais, nascia em 19 de dezembro de 1941, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) a CBH – Confederação Brasileira de Hipismo – uma iniciativa das Federações Paulista de Hipismo (FPH), Hípica Metropolitana (Rio) e Hípica Fluminense (Niterói). O general Valentim Benício da Silva foi o primeiro presidente da entidade.
A primeira participação do Brasil numa competição no exterior foi em 1942, no Chile. Dois fatores confirmaram o estabelecimento do hipismo brasileiro em bases concretas e com doutrina da mais alta qualidade: o envio de uma delegação para a Olimpíada de Londres, em 1948, e a organização Concurso Hípico Internacional do Rio de Janeiro, em 1950.
Nas décadas seguintes o Hipismo cresceu em número de praticantes, surgiram centenas de Clubes e Escolas de Equitação, que se espalham por todas as regiões do País.
O Estado de São Paulo é o maior reduto de praticantes de Hipismo no País. Conforme levantamento da CBH em agosto de 2008, nos últimos dez anos a Federação Paulista de Hipismo (FPH) registrou mais de 5.000 concorrentes ligados a 292 entidades distintas e distribuídas por 158 cidades. Somando os atletas de Salto e da Equitação Fundamental (para atletas iniciantes), a modalidade era responsável por 82% dos federados.
A FEDERAÇÃO PAULISTA DE HIPISMO
A Federação Paulista de Hipismo, também designada pelas iniciais FPH, é uma associação civil, sem fins lucrativos, fundada em 11 de março de 1940, pela reunião de Associações Esportivas de Esportes Hípicos situadas no Estado de São Paulo. Faziam parte deste primeiro grupo de entidades hípicas a Sociedade Hípica Paulista (SHP) fundada em 31 de julho de 1911, primeiro clube de equitação e esportes hípicos da cidade de São Paulo.
ATUAL
Hoje a FPH congrega 93 entidades registradas, entre filiadas, convidadas e escolas. Sua sede própria está localizada em São Paulo, na Rua Roque Petrella, 46, bairro Vila Cordeiro. São federados 1764 cavaleiros e amazonas e 1872 animais.
ATIVIDADES
Órgão fiscalizador do Esporte Hípico Estadual, a Federação Paulista de Hipismo (FPH) é responsável pela regulamentação, coordenação, promoção e fomento de 8 modalidades de Esportes Hípicos praticados no País: Adestramento, Atrelagem, Concurso Completo de Equitação, Enduro, Equitação Especial (Paraequestre), Rédeas, Volteio e Salto.
Respondendo por estes esportes junto a CBH – Confederação Brasileira de Hipismo e FEI – Federação Equestre Internacional, a FPH é responsável, ainda, pela formação das Equipes Paulistas, que representam o Estado de São Paulo em competições Nacionais, pela realização de Campeonatos Paulistas, chancela de eventos promovidos por Entidades federadas (a nível estadual), pela promoção de cursos de formação e reciclagem de oficiais.
LINHA DO TEMPO DO HIPISMO
680 AC – O esporte equestre é introduzido nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Os Jogos aconteceram entre 776 AC e 394 DC, a cada quarto anos.
1896 – Os Jogos Olímpicos da Era Moderna são reintroduzidos pelo Barão Pierre de Coubertin. O hipismo faz parte do programa em Atenas, como esporte de demonstração.
1909 – A primeira Copa das Nações de Salto tem lugar em Londres, Inglaterra, e San Sebastian, na Espanha.
1912 – As disciplinas equestres (Salto, Adestamento e Concurso Completo) oficialmente tornam-se parte dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
1921 – A Federação Equestre Internacional é fundada em Lausanne, Suiça. A FEI regula os eventos internacionais de Salto, Adestramento e Concurso Completo. Os membros fundadores são França, Estados Unidos, Suécia, Japão, Bélgica, Dinamarca, Noruega and Itália.
1930 – FEI imprime sua primeira publicação, o prints its first publication, o Boletim FEI.
1940 – Em 11 de março de 1940 foi fundada a Federação Paulista de Hipismo, também designada pelas iniciais FPH, uma associação civil, sem fins lucrativos, fundada pela reunião de Associações Esportivas de esportes hípicos situadas no Estado de São Paulo.
1941 – Em 19 de dezembro de 1941, nascia na cidade do Rio de Janeiro (RJ) a CBH – Confederação Brasileira de Hipismo – uma iniciativa das Federações Paulista de Hipismo (FPH), Hípica Metropolitana (Rio) e Hípica Fluminense (Niterói). O general Valentim Benício da Silva foi o primeiro presidente da entidade.
1942 – Primeira participação de cavaleiros brasileiros no exterior no Chile.
1948 – Um salto maior para o esporte foi dado quando o Brasil mandou uma equipe para as Olimpíadas de Londres, Inglaterra, formada somente por militares, o Tenente-Cel. Franco Pontes montando Itaguaí, e os Capitães Rubem Continentino com Bom Soir, Eloy Menezes montando Sabu e Tenente Renyldo Pedro Guimarães Ferreira.
1967 – Winnipeg – Canadá. O Brasil foi medalha de ouro no Pan Americano por Equipe e Prata Individual com Nelson Pessoa vilho montando GranGeste. O time dourado foi formado, ainda, por Antonio Alegria Simões/Samurai, José Roberto Reynoso Fernandez/Cantal e o Cel. Renyldo Ferreira/ Shanon Shamrock.
1991 – Havana – Cuba. Brasil conquista sua segunda medalha panamericana de ouro por Equipe com o time formado por André Johannpeter/Mississipi, Luiz Felipe Azevedo/Sivestre, Marcello Artiaga de Castro/So Suitor, Vitor Alves Teixeira/Zurkis. Na reserva estava Vinicius da Motta. No individual, Vitor Teixeira faturou a medalha de bronze.
1995 – Mar del Plata – Argentina. O Brasil leva sua terceira medalha panamericana de ouro por equipe com André Johannpeter/Calei, Nelson Pessoa Filho/Special Envoy, Rodrigo Pessoa/Tom Boy e Vitor Alves Teixeira/Attack Z. O melhor resultado no individual foi o 4º lugar de André Johannpeter.
1996 – Atlanta – Estados Unidos – O sonho da medalha Olímpica finalmente se concretizou com a conquista do Bronze por equipes, com Rodrigo Pessoa/Tom Boy, Álvaro Afonso de Miranda Neto (Doda)/Arisco Aspen, André Johannpeter/Calei Joter e Felipe de Azevedo/Cassiana Joter.
1999 – Winnipeg – Canadá. O quarto ouro panamericano do Brasil por equipe foi conquistado na performance do time formado por Álvaro (Doda) Afonso de Miranda Neto/Arisco Aspen, André Johannpeter/Calei Joter, Bernardo Alves/Atlética Joter, Vitor Alves Teixeira/Jolly Boy. Na reserva estava Rodrigo Sarmento. Vitor Alves Teixeira conquista sua segunda medalha de bronze individual.
2000 – Sydney – Austrália – O Brasil conquistou sua segunda medalha de Bronze por equipe em um emocionante desempate com a França. O time brasileiro era composto por Rodrigo Pessoa/Baloubet du Rouet, Luiz Felipe de Azevedo/Ralph, Álvaro Miranda Neto (Doda)/Aspen e André Johannpeter/Calei Joter.
2004 – Atenas – Grécia – Enfim o Brasil é Ouro nas Olimpíadas na disputa individual. Depois da eliminação nos Jogos de Sidney, Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet deram a volta por cima e conquistaram o resultado histórico para o País: a primeira medalha Olímpica Individual no Hipismo. Rodrigo saiu de Atenas ostentando a Prata, o Ouro veio um ano depois quando se comprovou o doping do cavalo Waterford Cristal, montaria de Cian O’Connor, da Irlanda. A entrega da medalha foi feita em cerimônia no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro.
2003 – Santo Domingo – República Dominicana. O Brasil conquista o bronze por equipe nos Jogos Pan Americanos com time formado por Álvaro (Doda) Afonso de Miranda Neto/Oliver Método, Karina Johannpeter/Faust de Roan, César Almeida/Salamandra Chapman Rouge, Bernardo Alves/Fort de Neuville Joter, além do reserva Pedro Paulo Lacerda. Na disputa individual, Bernardo Alves foi 8º, Doda Miranda, 12º, César Almeida, 20º, e Karina Johannpeter, 23ª.
2007 – Rio de Janeiro – Brasil. Em casa, o Brasil conquista sua quinta medalha panamericana de ouro por equipe em conquista memorável. O time foi formado por Rodrigo Pessoa/Rufus, Bernardo Alves/Chupa Chup 2, Pedro Veniss/Une Blanc des Blancs e César Almeida/Singular Joter II. Em final emocionante, o paulista César Almeida que não tinha ido bem no primeiro dia de competição zera os dois percursos e garante o ouro para o Brasil. Na disputa individual Rodrigo Pessoa conquista a medalha de Prata.
2011 – Guadalajara – México. Pela sexta vez consecutiva nos Jogos Pan Americanos o time brasileiro subiu ao pódio, desta vez para receber a medalha de prata com Rodrigo Pessoa/HH Ashley, Alvaro Affonso de Miranda Neto/AD Norson, Karina Johannpeter/Dragonfly de Joter e Bernardo Resende Alves/Bridgit. Bernardo, em uma atuação impecável, levou o bronze, sua primeira medalha individual nos Jogos. A égua de Rodrigo sofreu uma lesão que deixou o conjunto fora da final individual.
Confira os resultados do Brasil nas maiores competições mundiais acessando as modalidades Olímpicas de Salto, Adestramento e CCE.
Fontes: Site CBH,Site FEI, “A história do Hipismo Brasileiro” por Cel Renyldo Ferreira, Revista Hippus, Revista A Galope, Wikipedia, Country Press e May Sports Marketing