segunda-feira, 25/novembro/2024
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A bilionária puro sangue.

Responsável pela virada da ginástica artística no Brasil nos anos 90, Bárbara Laffranchi agora quer profissionalizar o sofisticado mundo dos cavalos de competição
O esporte sempre fez parte da vida de Bárbara Lafranchi. Filha de uma juíza de ginástica rítmica do comitê internacional, ela deu seus primeiros passos no tablado aos oito anos e não parou mais. A não ser aos 18 anos, quando um problema no joelho a tirou das competições. Mesmo assim, ela não desistiu e se tornou uma das técnicas mais importantes da ginástica brasileira, estando à frente da seleção durante os 14 anos que mudaram a história do esporte no Brasil, saindo das últimas colocações para os primeiros pódios em Panamericanos, Olimpíadas e Mundiais da categoria.

Mas agora ela quer ir mais longe. Aos 53 anos, Bárbara pretende levar esse know how de gestão de sucesso para o hipismo, sua nova paixão. Para isso, concorrerá à presidência da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) em novembro, com uma meta clara: permitir a formação de novos talentos e, ao mesmo tempo, oferecer estrutura para que eles não tenham de ir embora do país para treinar fora. “Qualquer esporte é construído em dois pilares, fortalecimento de equipes de base e estrutura para atletas de alto rendimento. E queremos que o Brasil dê um salto nessa categoria”, explica a ex-técnica que foi uma das criadoras da coreografia do “Brasileirinho”, apresentada pela ginasta Daiane dos Santos, que conquistou o ouro no mundial de 2004.

Bárbara começou a se interessar pelo hipismo quando sua filha, ainda pequena, tinha pavor de chegar perto dos cavalos na fazenda da família. Única herdeira do fundador da Unopar – universidade de Londrina vendida para o grupo Kroton por R$ 1,3 bilhão – ela decidiu colocar a menina num curso de equitação para que perdesse o medo. Ao acompanhar Jordana, mais conhecida como Kika, acabou se afeiçoando ao esporte e passou a montar. Mãe e filha evoluíram e, no ano passado, Kika, de 29 anos, se consagrou campeã brasileira sênior em saltos. Já Bárbara participa de provas de adestramento.

Ela desenvolveu a coreografia do “Brasileirinho”, que conquistou o ouro
e revelou Daiane dos Santos para o mundo

Há alguns anos, importou um puro sangue lusitano, mas quando montou o animal viu que ele era muito ágil para ela e decidiu fazer uma parceria com cavaleiro João Victor Marcari Oliva, filho da ex-jogadora de basquete e Hortênsia. Assim, montado por João, Biso das Lezírias conquistou o bronze no Panamericano do ano passado e também uma vaga para a Olimpíada de Tóquio. Por causa desse Pan, Bárbara decidiu entrar na seara política do hipismo e concorrer à presidência da entidade. “Espero levar ao hipismo essa cultura de formação de equipes de qualidade para o Brasil”, acrescenta ela.

Volta ao ninho

Formada em administração e com doutorado em treinamento de alto rendimento, Bárbara, em 2004, foi ajudar o pai na universidade. Mas, após a venda da Unopar em 2011, ela ficou apenas no conselho da Kroton e pode acompanhar a carreira da filha. Nesse período, percebeu que os melhores cavaleiros acabavam saindo do Brasil pela falta de estrutura para segurar os talentos. “Quero mudar isso e já consegui dois patrocinadores, caso vença, e estou indo atrás de uma montadora para fazer essa roda girar e colocar o hipismo em pé e nas quatro patas”, afirma.

Mesmo sendo um esporte mais elitizado, ela acredita que será possível criar ídolos que inspirem outros jovens. Nessa aposta, ela vai usar seu conhecimento também em educação à distância, que tornou a Unopar uma referência, para formar professores e juízes pelo Brasil, fomentando a base. Na eleição, Bárbara enfrentará o atual presidente da CBH, Ronaldo Bittencourt, que em setembro confirmou que pretende sair candidato à reeleição. Enquanto ele traz a experiência no setor, ela traz na bagagem sua história vencedora no esporte.

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