Há 25 dias, a advogada especialista em Direito Animal de São Leopoldo Maria Candida Azevedo, 29, move o céu e a terra atrás do cavalo de estimação Dinamite. O cavalo de 20 anos, 500 quilos e pelagem tostada desapareceu da hotelaria localizada em Nova Santa Rita (próximo a Portão e Capela e Santana) no início do mês. A boa notícia é que neste fim de semana Dinamite foi localizado no Litoral Norte. “Ele sofreu maus tratos estava puxando carroça mesmo com a idade avançada”, explica a tutora. “O Dinamite já está bem e em segurança, foi um milagre, nenhum animal merece este destino.”
Dinamite e ela cresceram juntos no campo em Arroio dos Ratos. Só há três anos, com ela vivendo dentro da cidade, que Dinamite precisou se acomodar na hotelaria. Vontade de levar o bicho para o apartamento nunca faltou. “Para mim é como se fosse um filho, estou desde segunda sem comer, venho todo dia para a região procurar por ele”, desabada a moradora do bairro São Borja. “Eu nem montava mais nos últimos anos, comecei a pensar de outra forma, ele era mais velho, deixei ele se aposentar.”
A torcida por um final feliz era grande, pois esta é a história de uma grande amizade. “Tenho uma foto minha e dele de quanto eu tinha nove anos e ele tinha meses”, revela.
“A mãe do Dinamite tinha se acidentado, se machucou toda, a gente achou até que ela iria abortar, mas ele nasceu forte e deu tudo certo”, recorda. “Sempre foi um cavalo diferente, calmo, manso. Foi criado em roda de casa. Foi um dos poucos que nasceu lá na nossas terras.” O nome veio da mania do pai de Cândida de batizar os cavalos da família de fazer referência a velocidade, pois Geraldo Azevedo, 62, morador do Morro do Espelho, sempre gostou de assistir a corridas. “Gostava de colocar nomes exclusivos, tínhamos outra égua chamada Bazuca e o Juca Bala”, lembra com saudade. “Mesmo com a rotina na cidade, eu vinha toda a hora para onde o Dinamite estava. No mínimo uma vez por mês ou até duas vezes por semana.” Mas domingo Dinamite desapareceu e já são 120 horas de desespero.
O desaparecimento
Liberdade e exercício. Tudo isso fazia parte da rotina de Dinamite no campo de tamanho generoso na cidade vizinha a Canoas. No domingo, o cavalo brincou o dia todo com outros 20 vizinhos da hotelaria. À noite, só ele não retornou à estrebaria. “Na segunda-feira a equipe vasculhou todo o campo e não achou nada”, recorda Cândida. “ Na terça-feira, veio a notícia de que o Dinamite pode ter sido levado por uns guris para a cidade, procuramos a polícia, fizemos boletim de ocorrência em Portão.”
A advogada tem compartilhado a notícia em redes sociais. É possível que o bicho tenha sido levado para cidades ao redor. “Quem quer vender um cavalo leva para um local em que ele não seja conhecido”, alerta. “Já chegou uma notícia de que tinha pessoas roubando cavalos na redondeza e levando para candelária. A gente sabe que isso sempre acontece.” Qual seria a mensagem de uma amiga desesperada em busca de um desaparecido? “O coitado do Dinamite não tem condições de trabalhar, não tem nenhuma utilidade para serviço”, diz. “Ele é como um filho para mim.”
Fonte: jornalvs / Por Fora das Pistas