A ligação entre homem e cavalo é milenar; o primeiro tratado de que se tem notícia sobre o adestramento de cavalos para fins militares remonta a 1.360 a.C
O Hipismo como esporte surgiu com o hábito da caça na Inglaterra. Antes de mais nada, é a única prática olímpica – e equestre de modo geral – em que mulheres e homens competem entre si em igualdade de regras e condição técnica.
No entanto, a amizade entre o homem e o cavalo remonta aos princípios da civilização. Antes de servir para esporte, usavam os cavalos como meio de locomoção. Eram eles que conduziam os soldados nas guerras. Até por isso também tornou-se um elemento ligado à vida militar.
Sabe-se ainda que o primeiro tratado de que se tem notícia sobre o adestramento de cavalos para fins militares remonta a 1.360 a.C. Elaborado por Kikkuli, hábil adestrador e professor de equitação do antigo reino de Mitanni, localizado em uma região que hoje abriga parte das terras de Turquia, Síria e Iraque.
Através dos séculos e em diferentes regiões, em dado momento, os cavalos ganharam posição de destaque nas Olimpíadas da Grécia Antiga. Há relatos de que a famosa corrida de bigas, impulsionadas por quatro cavalos, foi incluída na edição das olimpíadas de 648 a.C.
Por outro lado, era costume de nobres europeus, especialmente ingleses, de praticarem a caça à raposa. Nessa atividade, os cavalos saltavam troncos, riachos, pequenos barrancos e outros obstáculos que os caçadores encontravam pelas florestas. A arte de saltar com cavalos em competições, portanto, tem sua origem no Século 19.
Portanto, houve um desenvolvimento dessa atividade até chegarmos ao Século 20, com a criação das primeiras pistas com obstáculos exclusivamente para a prática de saltos.
O começo
Em 1868, a Real Sociedade de Dublin em Bell’s Bridge promoveu uma prova de salto em altura e outra de salto em distância. O objetivo era o de testar a capacidade dos cavalos de caça. Alguns anos depois, em 1881, a mesma Real Sociedade de Dublin voltou a inovar.
Desenvolveu o que serviria de molde para as competições atuais. Criaram uma pista com quatro obstáculos. Dois deles eram fixos, um se apresentava como uma parede de pedra e o outro consistia em uma espécie de tanque d’água escavado no solo.
No início do século 20, então, o italiano Federico Caprilli revolucionou a técnica de saltos com cavalos ao desenvolver um refinado método que até hoje adota-se. Segundo sua teoria, o cavalo corre melhor quanto tem liberdade de movimentos e, principalmente, se conseguir estender o pescoço.
Assim, Caprilli criou uma técnica para que o animal não sofresse com o puxar das rédeas, permitindo que o cavaleiro pudesse saltar sentado, sem precisar inclinar-se para trás. A técnica foi batizada de ‘assento adiantado’ e, por conta dela, Caprilli é considerado o pai da equitação moderna.
Hipismo como esporte olímpico
Como esporte olímpico, disputou-se pela primeira vez uma prova de Hipismo nos Jogos Olímpicos de Verão de 1900, em Paris, com provas de saltos. A modalidade só retornou às Olimpíadas em 1912, em Estocolmo, já com Salto, CCE e Adestramento – individual e por equipe. Depois disso, apareceu em todas as edições. Portanto, ausente apenas em St. Louis 1904 e Londres 1908.
Até os Jogos Olímpicos de 1952, na Finlândia, apenas competidores homens tinham permissão para competir. A partir de então tornou-se aberto para ambos os sexos. Outra mudança foi a possibilidade da participação de civis, já que antes apenas militares podiam competir.
Assim, os integrantes da equipe podem ser de ambos os sexos, sem limite mínimo no número de competidores de um determinado sexo, cabendo a cada federação nacional a escolha da equipe. Além disso, o Hipismo é um dos dois únicos esportes olímpicos envolvendo animais, o outro é o Pentatlo Moderno.
O Volteio, que junto com a Atrelagem e o Enduro, são esportes hípicos, só esteve presente em Olimpíadas em 1920. Por outro lado, todas essas modalidades – Salto, CCE, Adestramento, Enduro, Volteio, Atrelagem – integram o quadro dos Jogos Equestres Mundiais, que inclui ainda a Rédeas.
Hipismo no Brasil
Não demorou para o Hipismo ganhasse o mundo. Por aqui, em terras brasileiras, o começo também foi através dos militares. Após a Guerra da Tríplice Aliança D. Pedro II trouxe de Portugal o Capitão Luiz de Jácome. Acima de tudo, ele tinha a missão de estabelecer as bases para a criação das coudelarias do Exército.
Sua ação fez-se sentir no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, estimulando a equitação nos quartéis e nos clubes civis. Logo após a proclamação da república, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, então Presidente do Brasil, enviou oficiais à Escola de Cavalaria de Hanover. Com isso, difundiam-se pelo Brasil duas doutrinas, a Francesa e a Alemã.
Os registros históricos dizem, sobretudo, que primeira competição hípica no Brasil foi o Torneio de Cavalaria, realizado em abril de 1641 em Maurícea, onde hoje está Recife/PE. Iniciativa do príncipe holandês João Mauricio de Nassau, único governante geral de colônia não português.
Participaram da prova dois grupos de cavaleiros: de um lado, holandeses, franceses, alemães e ingleses; e do outro, portugueses e brasileiros. O segundo grupo venceu a disputa. Cavalgadas e torneios esportivos como corridas e simulações de combate se tornaram comum no eixo Rio – São Paulo nos séculos 18 e 19. No Brasil foram os nobres que também deram o ‘ponta pé’ para que o Hipismo de desenvolvesse.
Oficialmente, então, as competições começaram em 6 de março de 1847, com Clube de Corridas, que teve como primeiro presidente Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias. Em São Paulo, por volta de 1930, a marquesa de Santos foi outra personalidade que incentivou as competições hípicas no campo do bairro da Luz.
Criação da CBH e medalhas
Com o crescimento do investimento das pessoas no esporte, fez-se necessária a criação de um órgão regulador. Assim, a primeira iniciativa para a formação de uma entidade máxima do Hipismo no País aconteceu em 1935 com a homologação da Federação Brasileira de Hipismo junto à Federação Equestre Internacional (FEI).
À época, a lei determinava a formação de federações estaduais para todos os esportes, com três clubes, no mínimo. Alcançado este objetivo, portanto, – criação de federações – nasceu a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) em 19 de dezembro de 1941, no Rio de Janeiro. O general Valentim Benício da Silva foi o primeiro presidente da entidade.
Órgão máximo do Hipismo nacional, a CBH é responsável pela regulamentação, coordenação, promoção e fomento de oito dos esportes hípicos praticados no País: Adestramento, Atrelagem, Concurso Completo de Equitação, Enduro, Equitação Especial (Paraequestre), Rédeas, Volteio e Salto.
Em Olimpíadas, o Brasil possui apenas três medalhas no Salto. Um ouro individual com Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet, em Atenas 2004; e dois bronzes por equipe, em Atlanta 2008 e Sidney 2000. Luiz Felipe de Azevedo, Álvaro Miranda Neto ‘Doda’, André Johannpeter e Rodrigo Pessoa fizeram parte das duas conquistas.
Fonte: Portal Cavalus