Em meio à pandemia, técnico investiu na carreira de cavaleiro, foi vice-campeão brasileiro de saltos e fora das pistas batalha para passar pelos obstáculos para manter seu projeto com o time de Barueri
Em 2020, o ano em que a pandemia do coronavírus paralisou o mundo – inclusive todos os eventos esportivos – o tricampeão olímpico José Roberto Guimarães não conseguiu ficar parado. O técnico da seleção brasileira feminina de vôlei e do São-Paulo Barueri dividiu o tempo entre seu centro de treinamento, o Sportville, e botar em prática uma paixão antiga: a do hipismo.
Do Vôlei ao Hipismo: Zé Roberto Guimarães é vice brasileiro de saltos
– Eu sempre gostei de cavalos, sempre fui apaixonado por cavalos. Isso vem de família. Mas eu nunca tive tempo porque, quando comecei a jogar vôlei com 13 anos, nunca saí de dentro da quadra, nunca peguei sério para fazer o adestramento ou hipismo, mas sempre gostei de montar e saber montar com técnica.
Foi aí que Zé Roberto passou a ter aulas de salto em uma hípica em Alphaville. O técnico sabe que o sucesso nesta modalidade envolve a confiança entre cavaleiro e cavalo. É essa confiança que faz a dupla superar os obstáculos da pista.
– Tem que ter muita coragem, atitude, determinação porque não depende só do cavalo. Depende muito de você e depende da sua relação com o cavalo. Eu levo isso para o vôlei – o cavalo é o seu time, o tratador é seu time. Tudo é equipe – ressalta.
E a receita deu certo. A primeira competição do técnico de vôlei no hipismo foi em setembro deste ano, com ele se sagrando vice-campeão brasileiro na categoria sênior. Zé completou o percurso sem cometer erros. Detalhe: ele não contou para ninguém que iria competir oficialmente, nem para a família e muito menos para a imprensa.
– Você ir para o pódio, receber uma medalha e fazer o galope da vitória, como atleta? É uma sensação única. Como atleta e ainda mais com 66 anos, eu tenho que comemorar muito! – emenda.
Assista ao vídeo:
https://globoplay.globo.com/v/9117038/
Mas por incrível que pareça o maior obstáculo que tem hoje não está no hipismo. O problema está no ambiente e na modalidade em que ele é tricampeão olímpico. Há quatro anos o treinador comanda o projeto de vôlei feminino, do São Paulo-Barueri, que disputa a Superliga e competições de categorias de base.
Mais do que ganhar campeonatos, a ideia é formar jovens atletas para o vôlei brasileiro, aproveitando a estrutura deste centro de treinamento que o próprio treinador construiu durante a carreira. Há quatro anos ele tira dinheiro do próprio bolso para manter a equipe.
– Eu estou muito feliz com o projeto. Ele tem um cunho social e esportivo, mas como todo o projeto ele precisa de meios para sobreviver. Não sei até quando eu vou conseguir continuar bancando isso, mas a gente não pode deixar isso acabar, a gente não pode desistir – encerra o tricampeão olímpico.
E ai, vale a mesma lógica do hipismo: quanto mais alto o obstáculo, maior a dificuldade. Sem confiança, fica impossível vencer.
Fonte: Globo Esporte