terça-feira, 23/julho/2024
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Nelson Pessoa, o Neco, ícone do hipismo mundial, desaconselha provas de salto para cavalos de 4 anos

O hipismo brasileiro é respeitado mundialmente e, sem dúvida, Nelson Pessoa, o Neco, considerado ícone máximo do esporte como cavaleiro, treinador e também na formação de cavalos, é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do Brasil em pistas internacionais. A pedido do renomado cavaleiro internacional e amigo João Malik de Aragão, Neco deu um depoimento incisivo destacando a importância de se respeitar a idade dos cavalos, especialmente aos 4 anos, em que na opinião do mestre, não deveriam participar em provas de salto. João Aragão é diretor adjunto do Concurso Completo de Equitação, diretoria liderada por Barbara Laffranchi, vice-presidente da CBH, e certamente, a opinião do Neco, 86, se aplica não somente à modalidade Salto como também ao Concurso do Completo de Equitação, que engloba as modalidades adestramento, salto e cross country.

Vale lembrar ainda, que nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Neco foi treinador de salto no time da Austrália, medalha de prata no Concurso Completo, e atuou como treinador do Time Brasil de Salto na conquista do bronze em Atlanta 1996 e 2000. Confira os principais pontos abordados por Neco.

Saltos mínimos e foco no adestramento aos 4 anos

“Fui viver na França em 1968, já fazem 50 anos. Eu nunca tinha montando cavalos muito jovens, pois no Brasil não tínhamos cavalos dessa idade saltando em competição. Eu me dei conta alguns anos depois de que é absolutamente inútil e prejudicial fazer um cavalo competir aos 4 anos. Nessa idade, o cavalo não entende nada, não funciona. O cavalo de salto não é como um cavalo de corrida que não necessita de obediência e aos 2, 3 anos já estão galopando.

Eu sempre fui da opinião que era uma coisa inútil para desenvolvimento dos cavalo e o tempo provou isso. Hoje em dia se não se salta mais cavalos novos de 4 anos em provas na Alemanha, Holanda e alguns poucos países europeus fazem muito pouco com os cavalos novos de 4 anos.

Na minha opinião o que se deve fazer é o mínimo: somente pequenos percursos e focar no adestramento e na obediência para então na idade de 5 anos, de março a abril, começar com o salto. Eu realmente aconselho os criadores e pessoas que organizam a criação e eventos no Brasil que não façam saltar os cavalos de 4 anos.”


Salto em liberdade

“Atualmente, já está havendo, na minha opinião, um exagero com o fato de colocar os cavalos de 2 anos para saltar em liberdade, especialmente obstáculos altos. Isso também não é conveniente. Muitas vezes o criador quer vender e se separar do cavalo o mais cedo possível para evitar gastos. Isso também é um erro e já existe até competição de cavalos de 2 anos saltando em liberdade.”


Qualidade da criação brasileira

“A nossa criação no Brasil na minha opinião está indo muito bem, temos excelentes criadores. Depois da Alemanha, França, Holanda e Bélgica, a meu ver, está a criação brasileira. Mas devemos tomar cuidado para evitar andar muito depressa seguir a idade dos cavalos tranquilamente: 5, 6 e 7 anos e, a exemplo, da Europa em que o cavalo só pode participar em provas mais importantes depois dos 8 anos. Isso é uma coisa muito severa aqui, muito controlada.”


Em resumo

“Eu espero que essas palavras, possam de algum modo servir para evolução do nosso esporte e criação do cavalo nacional. Então se quiserem realmente uma opinião: o cavalo de 4 anos não deve participar em provas. É preciso adestrá-lo e fazer um ano tranquilo de trabalho para debutar aos cinco anos.”


Sobre Nelson Pessoa

Neco nasceu no Rio de Janeiro em 1935, onde iniciou sólida e bem sucedida carreira no hipismo. Em 1961 se mudou para Europa. Disputou cinco Olimpíadas em 1956, 1964, 1968, 1972 e 1992. Nos Jogos de Tóquio 1964 garantiu o 5º posto individual. No Pan de Winnipeg integrou o Time Brasil que conquistou a primeira medalha de ouro e também foi ao pódio individual com a medalha de prata. Foi campeão europeu, quatro vezes campeão brasileiro, sete vezes campeão (recorde de vitórias) do Derby de Hamburgo, tricampeão do Derby de Hickstead e vencedor de aproximadamente 150 GPs na Europa. Foi treinador do Time Brasil na conquista das medalhas de bronze por equipes em Atlanta 1996 e Sydney 2020.

Atualmente com 86 anos, Neco segue trabalhando como treinador e preparador de cavaleiros e equipes de alto nível. No último ciclo olímpico, Neco esteve frente ao treinamento do time australiano de Concurso Completo de Equitação da Austrália, prata por equipe e bronze individual com Andrew Hoy, que conquistou sua oitava medalha olímpica.

Imprensa CBH com img: Luis Ruas e acervo CBH

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